27 de jun. de 2014

Pontuação: Importância e Regras

É incrível como as pessoas escrevem sem dar valor ao uso dos sinais de pontuação. Como não percebem que as entonações de voz da linguagem falada são traduzidas em vírgulas, pontos de interrogação, pontos de exclamação... na linguagem escrita.

 
Esquecem que o destinatário do seu texto não tem o dom divino de adivinhar o que queria ser dito com aquilo (que às vezes não dar pra ser chamado de texto). Não colocam o ponto de interrogação no final da pergunta, e você que adivinhe que aquilo não era uma afirmação e responda. 
Uma vírgula, por exemplo, faz toda diferença se foi usada ou não em determinados textos. E até mesmo o local onde foi colocada pode mudar o sentido da frase.

A vírgula pode ser uma pausa ou não.
Não espere.
Não, espere.
 
Ela pode sumir com seu dinheiro.
R$ 23,40
R$ 2,340
 
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
 
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
 
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
 
Ela pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência.
Não, tenha clemência.
 
SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.
Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER. Mas se for homem, colocou a vírgula depois de TEM...
 
É fácil observar a importância da pontuação no exemplo já tradicional que fala do testamento que foi deixado por um senhor rico, mas que em seu texto não foi utilizado nem um sinal, e que os interessados foram pontuando à medida que fossem sendo beneficiados.
 
O testamento dizia o seguinte:
 
Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.
 
1. O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2. A irmã chegou em seguida e pontuou assim:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3. O padeiro pediu cópia do original e puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4. Aí chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.


REGRAS DE PONTUAÇÃO 
Divisão e emprego dos sinais de pontuação:

1- PONTO ( . )

a) indicar o final de uma frase declarativa.
Lembro-me muito bem dele.

b) separar períodos entre si.
Fica comigo. Não vá embora.
c) nas abreviaturas
Av.; V. Ex.ª 

2- VÍRGULA ( , )
É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática.
Ana, esposa de Carlos, foi a ganhadora única da Sena. 

Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula.


Não se separam por vírgula:
a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
e) predicativo do objeto do objeto;
f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa)

A vírgula no interior da oração é utilizada nas seguintes situações:


a) separar o vocativo. 


Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.

b) separar alguns apostos.
Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.

c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.

d) separar elementos de uma enumeração.
Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.

e) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem.

f) separar conjunções intercaladas.
Não havia, porém, motivo para tanta raiva.

g) separar o complemento pleonástico antecipado.
A mim, nada me importa.

h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.

i) separar termos coordenados assindéticos.
"Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)

j) marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)

Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dispensam o uso da vírgula.
Conversaram sobre futebol, religião e política.
Não se falavam nem se olhavam.
Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.

Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório.
Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.

A vírgula entre orações é utilizada nas seguintes situações:

a) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.

b) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela 
conjunção e).
Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.

ATENÇÃO - 
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e:

1) quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.

2) quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).
E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, consequência, por exemplo)
Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.


c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal.
"No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - José de Alencar)


d) separar as orações intercaladas. 

"- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."

e) separar as orações substantivas antepostas à principal.

Quanto custa viver, realmente não sei.


3- DOIS-PONTOS ( : )

a) iniciar a fala dos personagens:
Então o chefe comentou: 
- Está ótimo!


b) antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam, resumem idéias anteriores.
Meus amigos são poucos: Jorge, Ricardo e Alexandre.

c) antes de citação
Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

4- RETICÊNCIAS ( ... ) 

a) indicar dúvidas ou hesitação de quem fala.
Sabe...eu queria te dizer que...esquece.


b) interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta
- Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...


c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de ideia.
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar)


d) indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita.
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)

5- PARÊNTESES ( ( ) )

a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e datas.

Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), morreu muita gente.
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão." (O milagre das chuvas no nordeste - Graça Aranha)

OBS.: Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.

6- PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )

a) Após vocativo

“Parte, Heliel!" (As violetas de Nossa Senhora - Humberto de Campos)


b) Após imperativo
Cale-se!


c) Após interjeição
Ufa! Ai!


d) Após palavras ou frases que denotem caráter emocional
Que pena!

7- PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? ) 

a) Em perguntas diretas
Como você se chama?


b) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação
- Quem ganhou na loteria?
- Você.
- Eu?! 


8- PONTO-E-VÍRGULA ( ; )

a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma sequência, etc.
Art. 127 – São penalidades disciplinares:

I- advertência;
II- suspensão;
III- demissão;
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V- destituição de cargo em comissão;
VI- destituição de função comissionada.


b) separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula.
"O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os 
lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O Visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)

9- TRAVESSÃO ( - ) 

a) dar início à fala de um personagem
O filho perguntou:
- Pai, quando começarão as aulas?


b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos
- Doutor, o que tenho é grave?
- Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom.


c) unir grupos de palavras que indicam itinerário
A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado. 

Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas
Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.


10- ASPAS ( “ ” )

a)isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.


b) indicar uma citação textual
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. ( O prazer de viajar - Eça de Queirós)

OBS.: Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples: (' ').

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